É bastante comum que algumas possuam preferências por fetiches sexuais específicos. Tanto homens quanto mulheres sentem o desejo de explorar novas dimensões sexualmente, mesmo que não expressem abertamente esses desejos. Isso ocorre porque os fetiches, assim como a própria sexualidade, muitas vezes são considerados um tema delicado.
Neste texto, abordaremos a origem dos fetiches, como eles se desenvolvem em nosso imaginário e estratégias para discutir abertamente o assunto com o parceiro ou a parceira.
O que são Fetiches Sexuais?
Fetiche sexual refere-se a um sentimento de adoração erótica associado a um objeto, parte específica do corpo ou até mesmo uma situação. Quando a pessoa se depara com a ocorrência do objeto do desejo, experimenta prazer ou excitação sexual.
A palavra “fetiche” tem sua origem na tradução francesa da palavra portuguesa “feitiço”. Esse termo surgiu entre viajantes portugueses que, ao entrar em contato com outras culturas, observaram o fenômeno de certos objetos nessas culturas adquirirem um caráter encantado. Em outras palavras, para esses povos, alguns objetos mágicos passavam a ter poderes que transcendiam suas características físicas.
Portanto, ao discutir fetiches na sexualidade, estamos nos referindo a objetos, partes do corpo ou práticas que ganham um poder erótico sobre alguém, embora, para a maioria das pessoas, não sejam considerados sexualmente excitantes. Literalmente, a pessoa se sente enfeitiçada por esse objeto de desejo.
É importante salientar que ter fetiches sexuais é algo totalmente normal e comum, independentemente do gênero. Por muito tempo, houve uma associação exclusiva do fetiche com os homens, mas, com os avanços na compreensão psicológica, descobriu-se que as mulheres também têm fantasias sexuais, assim como os homens. Na verdade, a porcentagem de homens e mulheres que fantasiam durante o sexo é bastante semelhante, situando-se em torno de 70% para mulheres e 76% para homens, por exemplo.
O Que Influencia o Surgimento de um Fetiche erótico, e Como Ele se Desenvolve?
Entender o que determina um fetiche e como ele se origina envolve a consideração de diversas teorias. Uma das perspectivas notáveis é a de Freud, que, ao abordar principalmente o surgimento do fetiche masculino, associa a imagem do falo à descoberta de objetos que despertam o desejo.
Outras teorias conectam o fetiche ao sentimento de posse, argumentando que o poder inerente em possuir algo exclusivamente pode ser um impulsionador do desejo sexual por um fetiche específico.
O desejo sexual, as fantasias e, consequentemente, os fetiches sempre foram intrigantes para pesquisadores. Contudo, é possível afirmar que o que determina o desenvolvimento de um fetiche em relação a uma determinada situação ou objeto são as experiências de vida vivenciadas. Sejam elas na infância, adolescência ou fase adulta, tais experiências podem moldar os desejos e fantasias atuais.
Adicionalmente, aspectos relacionados à personalidade desempenham um papel significativo na determinação da inclinação para um tipo específico de fetiche. Uma pesquisa de 2014, por exemplo, indica que indivíduos que desempenham o papel de dominadores no BDSM tendem a se identificar como mais extrovertidos e demonstram um desejo mais pronunciado de controle.
Entender as nuances que envolvem o surgimento de fetiches é crucial para explorar a complexidade da sexualidade humana. As experiências vividas e a personalidade desempenham papéis interligados nesse aspecto, contribuindo para a diversidade e individualidade das preferências sexuais.
Explorando os Fetiches Mais Comuns entre os Brasileiros
Na ampla gama de fetiches eróticos existentes, cada um com sua própria comunidade e peculiaridades, alguns se destacam como os mais prevalentes na mente tanto de homens quanto de mulheres no Brasil. Você consegue adivinhar quais são?
Conforme a pesquisa “Censo do Sexo” realizada em 2022 pela sextech Pantynova, o fetiche mais comum entre os brasileiros é o sexo a três, abrangendo uma significativa porcentagem de 51% da população com esse interesse.
Além disso, a pesquisa revela outros dados interessantes sobre os fetiches mais comuns entre os brasileiros:
- BDSM para Homossexuais: O maior fetiche entre pessoas homossexuais, independentemente do gênero, é o BDSM.
- Sexo Anal para Heterossexuais: Entre as pessoas heterossexuais, o segundo maior fetiche mais prevalente é o sexo anal.
- Sexo em Público em Terceiro Lugar: A prática de sexo em público ocupou a terceira posição na preferência de diversas categorias, incluindo pessoas heterossexuais, bissexuais e pansexuais.
Explorar a diversidade desses interesses proporciona uma visão intrigante das preferências sexuais na sociedade brasileira, destacando a riqueza e complexidade das fantasias individuais.
Explorando a Diversidade dos Fetiches eróticos: Dos Comuns aos Peculiares;
Quando há consentimento e ausência de dependência física ou emocional do fetiche, não há limites para o que pode ser considerado “estranho” ou “impraticável”. Uma variedade de comunidades dedicadas a diversas fantasias sexuais testemunha a diversidade de preferências existentes.
Embora todos os fetiches sejam válidos quando consentidos, alguns são menos discutidos. Ao lado dos mais representados, frequentemente retratados em filmes e novelas, existem aqueles que permanecem nas sombras da conversa pública. Aqui, apresentamos uma breve lista de fetiches:
- Sexo a Três:
O sexo a três é um dos maiores fetiches no Brasil, desafiando as normas monogâmicas e proporcionando excitação pela quebra das relações convencionais entre casais. - Exibicionismo e Voyeurismo:
Envolvendo o desejo de ser visto durante um ato sexual (exibicionismo) ou de observar a performance sexual de outros sem se envolver diretamente (voyeurismo), esses fetiches exploram o prazer em situações específicas. - BDSM:
O BDSM, amplamente divulgado em mídias, filmes e novelas, envolve fantasias de dominância, submissão, e a experiência de dor como forma de prazer. O ambiente BDSM possibilita a exploração de papéis além das normas cis hetero monogâmicas. - Quirofilia e Podolatria:
A quirofilia, relacionada às mãos, e a podolatria, voltada para pés, despertam excitação não apenas pela visão, mas também pela prática de atividades específicas com essas partes do corpo. - Axilismo:
O axilismo, fetiche por axilas, é menos conhecido no Brasil, mas possui sua própria comunidade de entusiastas que se interessam por essa particular fantasia. - Claustrofilia:
Em contraste com a claustrofobia, a claustrofilia envolve a excitação sexual em ambientes fechados, proporcionando uma experiência única de prazer. - Teratofilia e Espectrofilia:
A teratofilia, fetiche em monstros, e a espectrofilia, fetiche em fantasmas ou espectros, exploram a excitação relacionada ao medo, que para alguns se transforma em fonte de prazer.
Explorar a diversidade de fetiches destaca a singularidade das preferências individuais, enfatizando que, quando consensuais, todas as expressões de sexualidade são válidas.
Fetiches: Explorando Diferenças entre Gêneros
Ao abordar os fetiches femininos em comparação com os fetiches masculinos, surge a questão: há uma grande discrepância entre ambos? Se os detalhes da vida de uma pessoa podem influenciar seus fetiches, é natural existirem variações entre as preferências de fetiches entre os gêneros.
Pesquisas, datando desde 1981, destacam diferenças notáveis entre os fetiches mais prevalentes no gênero masculino em comparação ao feminino.
Entre os principais fetiches masculinos, destacam-se:
- Voyeurismo:
O desejo de observar outras pessoas durante atividades sexuais. - Sexo com Mais Pessoas:
A preferência por experiências sexuais envolvendo mais de duas pessoas. - BDSM:
Envolvendo práticas de dominação, submissão, e exploração de dor para obter prazer. - Dominação:
O interesse em assumir um papel dominante em encontros sexuais. - Enxergar a Parceira como Pessoa Promíscua:
A excitação ao visualizar a parceira como alguém de comportamento sexualmente liberado. - Sexo com travestis:
Para alguns homens ter relações sexuais com travestis ou transexuais pode causar uma grande excitação maior durante o ato sexual.
Entre os principais fetiches femininos, incluem-se:
- Exibicionismo:
O prazer em ser vista durante atividades sexuais. - Narcisismo:
O interesse em admirar a própria imagem durante interações sexuais. - Masoquismo:
A excitação proveniente de experimentar dor ou submissão durante o ato sexual. - Ser a Pessoa Promíscua, Encaixar no Papel da “Prostituta“:
O desejo de assumir um papel mais ousado e sexualmente liberado.
A compreensão destas distinções permite uma visão mais abrangente das preferências individuais, reforçando a ideia de que as escolhas de fetiches são moldadas por uma complexa interação entre experiências de vida e fatores psicológicos.
Como Iniciar uma Conversa Sobre Fetiches sexuais com seu Parceiro ou Parceira?
Abordar o assunto de fetiches e fantasias sexuais não precisa ser um tema proibido ou um segredo guardado a sete chaves do seu parceiro, ou parceira. Na realidade, pode ser que ambos compartilhem desejos semelhantes, e a comunicação aberta pode ser a chave para explorar juntos experiências mais profundas.
Se você tem um fetiche específico, como sexo a três, BDSM ou outros, não hesite em compartilhar seus desejos. A abordagem pode ser suave, e se houver preocupação sobre a reação do outro, comece perguntando sobre as fantasias sexuais que seu parceiro gostaria de realizar. Essa abordagem cria um espaço aberto para discutirem juntos como podem incorporar e explorar esses desejos de maneira consensual.
Identificando Quando um Fetiche Pode se Tornar Problemático
Sem dúvida, podemos afirmar que um fetiche se torna um problema quando:
- Causa angústia pessoal que não é decorrente da desaprovação da sociedade;
- Provoca desejos ou comportamentos sexuais que envolvem angústia psicológica, lesão, morte de outra pessoa, ou inclui desejos por práticas sexuais que envolvem pessoas incapazes de dar consentimento legal.
Em ambas as situações, é crucial que a pessoa não permaneça em silêncio. Buscar assistência médica especializada, como a de psicólogos ou sexólogos, torna-se imperativo. Muitas vezes, aqueles que enfrentam tais problemas hesitam em procurar ajuda até que ocorra algum evento prejudicial a si mesmos ou a outras pessoas.
A intervenção profissional pode proporcionar suporte necessário para lidar com essas questões de maneira saudável e construtiva.
Considerações Finais:
Em resumo, é essencial abordar o tema dos fetiches com abertura e compreensão no âmbito das relações. A comunicação franca entre parceiros pode fortalecer a intimidade e promover experiências sexuais enriquecedoras. Contudo, é crucial estar atento aos limites e respeitar o consentimento mútuo.
Quando um fetiche se torna problemático, causando angústia pessoal ou envolvendo desejos prejudiciais, é fundamental procurar auxílio profissional, como psicólogos ou sexólogos, para abordar a questão de maneira saudável e construtiva. A busca por ajuda não apenas proporciona suporte, mas também contribui para a construção de relações mais equilibradas e satisfatórias.